Solidão Espero o movimento Do jogo dos dados, a meu favor Sozinho e no frio, espero Espero, espero e espero.
Solidão! De quem não sabe por que espera tanto Nem imagina O convenceram a esperar Espera, sem saber quando terminará.
Imagem de um processo Que nos convenceu a esperar Enquanto de várias maneiras vão surrupiando Nos fazendo acreditar Que um dia chegará a nossa vez Espero, sem questionar.
Um dia estava me perguntando: Por que espero tanto? O que espero tanto? Quando foi que decidi esperar tanto? Foi quando se aproximou de mim Um ser místico Dizendo baixinho: “a espera é solitária.”
Quem, em sã consciência, espera desse jeito? Estaria louco? Confuso? Com medo? Confiante? Esperando, sabe-se lá o quê, sozinho. Íntimo dos demônios.
Em noites frias Sou acolhido pela solidão Embriago-me com as minhas tristezas Copulo com os meus fracassos A cada momento dessa vida.
É desafiador levar essa existência para frente Quando existem forças reunidas jogando contra Quando os únicos amigos são imaginários Quando a única chance que tenho Está sendo pautada, justamente pelo que não tenho.
Tenha sempre em mente Até os cadáveres adubam o solo Dê tudo o que você tem, agora Seja o adubo de sua própria história.
A solitária de uma existência Tem duas janelas Com duas paisagens diferentes Em uma, os olhares são convidados A olharem só o que se perdeu Em outra, os olhares são convidados A olharem o silêncio que trabalhou a terra A escolha ao abrir as janelas de como vai olhar É sua.