“Vítima de uma sociedade doentia” é uma composição que traduz, com intensidade e sobriedade, o colapso existencial do sujeito moderno diante de uma realidade opressora.
Vítima de uma sociedade doentia
O elevador quebrou. Como sair daqui? Na aparência, transbordo calma, mas me encontro transtornado.
O elevador parou entre o oitavo e o décimo quinto andar. Estou sozinho, angustiado e sem comunicação. Morte iminente?
Na iminência de uma vida em risco, uma vida solitária, destemida, até ser surpreendida.
Cabe não estar perto. O destino está no fio da navalha, destino ao alcance da vida, de uma vida triste.
O elevador me sufoca com suas mãos metálicas, envolvendo o meu pescoço, enquanto definha a minha alma.
Desce a minha alma, engolida pelo fosso da existência, existência de horrores, pela minha própria falta de sorte.
O elevador parado no quarto andar. Destino concentrado na alma que se foi. A vida vai dando os seus últimos suspiros no fio de uma navalha afiadíssima.
O elevador chega ao seu destino — um destino incerto, de uma caminhada vacilante, destino destemido.
E a minha alma? Quando retornará a esse pobre corpo? Ao corpo que mais se parece a escombros, que caminha fingindo ser feliz.
Elevador parado no décimo andar: um corpo fétido de morte, uma alma decaída no fosso da negligência, em seu último suspiro.
Sobriedade existe até no submundo – Memória e poesia
[…] tua vida perde o brilho, rastejando, tu te encontras.Ímã da paixão, desencantos, vida perdida, rasteja-se pela sombra.No auge do amor: tentações, insegurança, calamidade até o fim.Carlos de […]
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