Canto da ausência presente
No abismo dos teus olhos,
me vejo só,
infeliz em tua companhia,
sozinho me encontro.
No abismo dos teus olhos,
os mesmos olhos ausentes,
sentindo frio
em um sótão.
Olhos ausentes
em um frio imensurável,
destino solitário
no abismo do sótão da indiferença.
Destino de olhar profundo
no fundo de um subsolo obscuro,
destino escondido
de um olhar extasiante.
É uma dor contida,
de desejos sem sentido,
de sol sem as estrelas,
estrelas que pulsam no subsolo.
De um olhar como o teu,
olhar de um abismo profundo,
que no silêncio grita por presença
na ausência da tua lembrança.
Carlos de Campos
Foto por Ali Karimiboroujeni em Pexels.com