Nem tanto ao céu ou ao inferno: Equilíbrio Imoral! Deveras, és um imoral No canto que entoas, No caminho que caminhas. És um imoral, Inverno doloroso; De acontecimento em acontecimento, Tens a imoralidade como missão. No canto, cantas a tua imoralidade, Tua perversa covardia. Em cada verso eu digo: “Imoral contumaz!” Ressurges das cinzas com tua imoralidade.Em cada verso, sem me cansar, repetirei: Imoral é tudo o que você é No trato com suas famílias, Nos romances extraconjugais, Dos abortos forçados de suas amantes. És diligente em ser um mau caráter, Um usurpador de felicidades. Os acontecimentos São dramas reais: Abuso constante, Liberdade nunca mais. Longe de toda essa busca, Alimento a minha alma, Desnutrida, Descuidada pelo teu amor. Empatia! Delírio dos fracos, Do abismo entre a realidade Do que olhamos ou sentimos. Do amor à imoralidade, Das palavras que sinto, Das palavras que digo, Palavras que não são ditas. Ditas em uma ditadura, Ditas no esconderijo dos perseguidos, Impopularidade crescente Das palavras que nunca foram ditas. Imoral desde o nascimento, Da existência ao esquecimento, No prelúdio do ser, Ser imoral enquanto dorme. Nada se pode fazer quanto a isso. Cada um controla o que sente, Mente enquanto sente, Mente sem quaisquer escrúpulos. A gente caminha pela rua tranquilo... Desse jeito a gente caminha, Caminha desse jeito, Jeito de caminhar. Caminha como quem desfila, Desse jeito a gente caminha. Caminha como quem espera a morte, Desse jeito a gente caminha. Caminha de mãos dadas com a imoralidade, Desse jeito a gente caminha. Caminha como quem busca prostituição, Desse jeito a gente caminha. Imoral é nosso modo de viver a vida. Buscamos na imoralidade nossas justificativas. Impróprio, Me acomodo. Desse jeito a gente caminha: Consolação, Distante do mundo da gente, Em programa a programa. Me divirto na imoralidade desta vida. Dai-nos a sua bênção! Cautela! Nada mais nos resta. Filhas do amor, Consolação da vida terrena, Dia a dia, Minha existência se desfaz. Medo e segurança Já não fazem parte da minha essência. Desejos imorais é o que ainda sinto; Sinto como quem sente o sangue circulando. Esbanjando vitalidade, Enlouquecendo o meu ser... O que ainda me resta dessa tal imoralidade? Sinto que ela quer me deixar. Sinto que seus afagos, Carícias, Já não fazem parte de minha vida. Sinto sua falta. Ao mesmo tempo que não sinto mais nada, Sua ausência é sentida. Sua ausência é também celebrada. O que sinto por você, afinal? Bem, o que sinto eu não sei. O que me parece que sei É que não sinto mais sua falta, Que a sua presença não faz mais diferença. A ilusão me convida Para adentrar ao espetáculo da vida: Uma vida sofrida, Carcomida pela ignorância. Adentre ao grandioso circo de horrores, Onde a vida não vale a pena, O amor é somente ódio... Que circo é capaz de tirar sua noite de sono? E te levar a insônias agudas? Perturbar sua vida diariamente? Que circo de horrores é esse? Que vende ilusão como droga? Que vicia nossos jovens com tanta facilidade? Que circo dos horrores é esse, Onde a vingança é o primeiro da lista? O circo é um horror. Mas é uma máquina de destruição. Desinformação... Destruição... Desinformação... Máquina que pulveriza memórias, Afetos... Amor... Paz... Me rendo à imoralidade, Dou a minha única esperança, Me submeto à sua ignorância, Sou teu servo. Abro mão da minha liberdade, Abro mão do amor, Abro mão da felicidade. O que mais queres de minha pobre alma? Dou toda a minha história. Desejo de você só mais uma coisa: Desejo que você não pense, Não reflita. Pare de ler livros que alimentam a sua alma, Pare de querer ter esperança, Pare de ser amigável com os outros, Viva na mais pura ignorância. Odeie quem vos quer bem, Deixe os relacionamentos saudáveis no passado, Enlouqueça de uma vez. O que você não pode mais querer... É querer fazer a diferença para o mundo, É ser um agente de transformação contínua, É fazer de sua vida uma vida de partilha... O que você não pode mais querer É querer ser gente como a gente. Carlos de Campos
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