Na imensa travessia, me perco de você
No inevitável, você surge.
No silêncio, eu falo.
Não faz sentido: no êxtase, nós nos desencontramos.
Puro desequilíbrio.
Desisto no alto-mar da vida,
no mais profundo de minha alma,
no milagre que nunca veio.
Sou a mansão dos mortos-vivos.
Perdido em pensamentos,
me vejo suspenso,
sem destino,
eu — nessa inconformidade.
O vento toca o meu rosto.
Me entrego a essa paz,
uma paz tão retraída,
tímida de amor.
Imensidão de um vazio sem fim,
tormento de uma cabeça desintegrada.
Sem conexão, seguem a alma e o corpo:
fim de um ciclo virtuoso.
O mundo muda e tudo absorve.
O destino cria sentido,
pálido e palpável.
Urge uma longa transformação.
Carlos de Campos
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