“Preciso me dar um tempo” é um poema honesto, impactante e sensivelmente atual. Ele traduz, com lucidez e dor, o retrato de um sujeito contemporâneo esgotado pelas exigências do mundo, que encontra no próprio colapso uma chance de lucidez: cuidar-se antes que seja tarde.
Preciso me dar um tempo
Leveza de um destino entrelaçado Em uma busca sem desfecho Ironia É só o que encontro.
Os desafios são sem fim No auge, procurei desistir Sem saber que não estava no auge Só estava cansado.
Ir sempre além Mesmo estando cansado É como gostaria de pensar Só que a realidade me diz que ando esgotado.
Cansado… Estou aflito por sentimentos que não sinto Ir além… É ir de encontro com a morte.
Preciso me afastar do mundo Das pessoas que sabem de tudo É vital focar nas coisas que se passam em minha mente E parar de ser intransigente comigo.
Com urgência, preciso me cuidar Antes que seja tarde demais E eu venha a sucumbir Me desfazendo em partículas pelo asfalto.
Não vem. O que é normal é assustador, mas é normal. Imita ser, mas não é. Quem você pensa que é?
É ilusão desejar o que você deseja, sentir o que você sente. É inegável. Você sente e vê. E o que você sente e vê? E o que você sente? Vê o que sente? O que os outros captam, mesmo estando com você? Lógica do ilógico. O que sinto e vejo são coisas absolutamente distintas.
Vê! Existe a realidade, só que não é como acreditamos. Diferente? Como explicar algo que estamos experimentando e que, mesmo explicando, não acreditamos? O que vemos e sentimos está em nós e, ao mesmo tempo, está além. O que está além, nós enxergamos e sentimos, só não compreendemos.