Deitado, longe de tudo, existe uma decisão dura, que perdura na nossa triste condição.
Quem sou eu?
Eu, a solidão em pessoa, o peso da eterna injustiça, o diamante bruto rejeitado, a decisão mais indecisa, o desejo de pensar grande, mais longe do que meus olhos possam tocar.
Eu sou o mar de rosas, as rosas putrefatas, o delírio de um mundo em declínio.
O elemento central da vida. Homem de futuro duvidoso, integrado às decisões falsas e ridículas.
Quem sou eu?
A humanidade esquecida. O que ouve, vê e sente. O que nada pode fazer além de saber que não existe mais futuro, que o futuro se esvaiu pelas decisões mal decididas.
Por existir um ecossistema corrupto, excludente, promotor de desvios públicos.
E onde eu estou nesse ecossistema?
Diariamente, estou sendo calado, desestimulado, fadado a concluir que eu sou o problema. Dia por dia, caímos e levantamos. E esse é o problema.
O problema é se levantar. É resistir. O problema é continuar.
Para nós, não existe espaço. Não existe futuro. O que queremos não existe para nós.
Em nome da decisão, existir é resistir às injustiças. É adentrar no submundo da exclusão e, daí, arrancar o poder à força, forçando nas ruas as ilusões, o desespero escondido na forma de vícios.
Quem sou eu?
O pilantra inconsequente. Os horrores de um dia chuvoso. Sua eterna amada que, de joelhos, suplica por sua benevolência.
Covarde. Homicida.
Olho e vejo. Vejo a eternidade ferida por seus crimes, infidelidades contraídas. Vejo olhares sangrentos que, de quatro, são subjugados, maltratados, esculachados.
Eterna é essa glória que desonra toda a nossa história.
Deitado, me encontro. Sob a minha cabeça, existem lembranças. Escondidas estão essas tristes lembranças que me fazem esquecer que amanhã é outro dia do mesmo modelo corrupto de subsistência que existe somente para nos frustrar.
É mais um dia. Um dia perdido. Promíscuo. Que temos de enfrentar.
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