Preciso de você na ausência de minha alma
No desejo escondido revela-se a tua essência. É no amor que me recolho. Na incerteza dos dias, me rebelo. Restaram-me o teu olhar frio e vazio, inocente de malícia. Estou em busca — em busca dos sonhos não resolvidos, dos dilemas que foram enaltecidos. É hora do amor, das ilusões de cada momento. Quem sou eu nesse mundo de tristeza e desencanto coletivo?
Longe do amor, dedico-me a estar perto de você. Nesse momento sombrio, fico sem entender mais nada. Longe de você, só me resta a solidão — vazio cheio de presença, ausência de mim e de você, dos desvios existenciais e dos desejos carnais. Carne fresca de frescura exuberante, de um declínio extravagante de nossa liberdade, pautada pelos nossos erros, que vão deixando rastros pela história.
O instinto primitivo nos rege, fazendo-nos reagir de maneira um tanto grosseira. Os instintos primitivos me fazem sucumbir em devaneios sinceros, em alucinações rabiscadas pelo ópio da contradição de uma tradição que me contraria a todo tempo, sufocando-me. Quase sempre estou cansado de ser quem sou.
Carlos de Campos
