Desejos e sonhos roubados

Desejos e sonhos roubados

É impossível ter desejo de justiça quando se tem o monopólio econômico a seu favor, quando o sol nasce para todos, mas maltrata uma parcela da população mais que as outras. É sempre a mesma conversa, e me parece que continuamos no mesmo lugar: solitário e desiludido. Conversas que não mudam comportamentos e comportamentos que não querem ser mudados.

O mundo precisa de uma sociedade consciente. Consciência, esse é o nosso grande problema: consciência livre de ideologia não existe. Nossa busca pela consciência é genuína, até que atolamos no lamaçal de conceitos viciados, conceitos que nos aprisionam e não nos permitem avançar.

Quem sou eu diante desse mundo de ilusões? De desejos não correspondidos? Quem, do topo de sua mediocridade, é capaz de ver além do que lhe é imposto para ver? Sou quem não quero ser, sou quem me determinaram ser, sou a ilusão de dias felizes, fruto do pecado, das almas escolhidas de um deus construído. 

Desde criança, fui ensinado a ver o mundo como os adultos o viam. Cresci e continuo vendo somente pelos olhos de outras pessoas; vejo o mundo pelos olhos de quem detém o poder político, econômico, religioso e midiático. Meus olhos e minha vida estão a serviço dos poderosos.

É irrelevante tentar resistir. Desejos são controlados. Minha existência aqui neste planeta apenas repercute os sonhos e desejos que não são os meus; luto as lutas que não foram escolhidas por mim.

Banido de toda a corte real, meu existir subsiste no submundo, onde luto as lutas que não foram escolhidas por mim. Essa é a realidade, pelo menos é a realidade que flagela meu corpo e mente o tempo inteiro. Realidade que devo suportar. Em uma realidade de cartas marcadas, não há muito o que fazer. 

Meus sonhos e desejos são impossíveis de se realizar. Movimento-me para, quem sabe, algum dia, enfim, superar a lavagem cerebral à qual fui exposto. Sonho por sonhar, sonho desejando acordar.

Quem sou eu depois de ontem? O que fui capaz de ver além da escuridão? Dos desejos e sonhos que foram roubados? Em meus dias que se passam, passa também a esperança de um dia estar livre.

Carlos de Campos

Foto por Lisa from Pexels em Pexels.com

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    Liberto para viver – Memória e poesia

    […] Livre estou. Não estou livre pela metade, muito menos por conveniência; estou livre plenamente. Essa liberdade nasce, desenvolve-se e vai crescendo dentro de nós, florescendo em nossas atitudes. […]

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