O desejo me desafia a desejá-lo
O meu universo vai além das cores e formas,
Além de tudo o que está além,
Divagando…
O que ninguém pode falar.
Fala-se o que carrega peso
Do tempo que ainda nem é tempo.
Fala-se sobre o impronunciável,
Divagando…
O impronunciável detesta ser observado.
De olhar atento, permanece como sentinela,
Diluído e fragmentado,
Esquecida está a sua fala.
O impessoal precisa ser levado em conta,
Desponta na escuridão,
Doando-se.
Déjà-vu…
Encontro com o inesquecível,
Perdido no vazio.
Solidão…
De rara e inesquecível beleza.
Inesquecível beleza,
Beleza rara,
Destemida,
Incompreendida.
Ao destino, falo o que sinto,
Falo o que omito.
Desisto de falar porque me envergonho.
Diante da realidade, apenas me comovo.
São falas como essas que me aprisionam.
Me sinto deslocado.
Enfurecido estou, agora
Perdido no tempo.
Divago…
Nos tumultos existentes, me desaguou.
Na interminável exploração, eu reflito.
Desisto, enquanto sinto.
O impronunciável volta a se pronunciar
No andar leve,
No olhar sedutor.
Fala-se o que não se pode falar.
Beleza irradiante.
Comovido, escorrem lágrimas.
São lágrimas que não podem ser faladas,
Falas que não podem ser sentidas.
Discurso ofegante.
Divago no presente ausente,
Nas lutas perdidas,
Dor dos abraços não correspondidos.
Loucura…
Mortandade…
Funeral dos sentimentos.
Loucura sentida.
Sentimentos reprimidos
Do que não pode ser falado.
Dor…
Deslocado estou no desejo.
Imperfeito,
Do mundo interior me escondo.
Me abstenho dos desejos,
Desejos imperfeitos.
Impronunciáveis são os meus desejos,
Distorcidos e incompreendidos,
Desejos retidos,
Encarcerados pelo sentido.
Me encontro divagando em meus pensamentos.
Desejo…
Do falar impronunciável,
Carcereiro dos meus atos.
No auge do amor, me entrego.
Destino traçado.
Imparável!
No demais, deixem o amor falar, se expressar.
Carlos de Campos
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