São dias como este que me fazem desejar estar com você — e é normal desejar algo assim. É assim que funcionamos: queremos o que nos gera aquela aparência de tranquilidade. E não há nada de errado nisso. O problema surge quando isso se torna um álibi interno para, diante de qualquer conflito, usarmos como desculpa para pular do barco — seja do emprego, de um relacionamento ou de uma amizade. Há muita gente por aí vivendo nesse modelo de vida.
Desejo e mais desejos — é assim que estamos vivendo: desejando tudo e todos. Desejando… e, quando desejar já não funciona, então exigimos, impomos, para que os nossos desejos mais vis se realizem. É preciso desejar com muita cautela. E já passou da hora de voltar-se para o próprio interior — não como mais um gesto egoísta, mas com a firme atitude de quem vai refletir sobre a própria vida. Sobre essa vida de desejos por desejos mesquinhos.
Em busca de quê você tem pautado a sua vida? Desejos? Que tipo de desejo tem cultivado em sua existência? Deseja uma vida de segurança e tranquilidade? Será mesmo possível viver nesse clima? No que você tem pensado hoje? Ah, bem que poderia existir uma fórmula mágica para suprirmos todos os nossos desejos… desejos egoístas, desejos insaciáveis. Desejo desejar você algum dia — porque essa é a vida de quem ainda não mergulhou em sua própria existência.
A importância de se importar com o que é importante. E o que é importante? O mais importante é a vida? Se for a vida, estamos falando sobre a vida de quem? Qual classe social deve ter a vida preservada acima de tudo?
É importante pensarmos sobre esse tema? É importante para quem? Quem deveria estar interessado nisso? O que se pode fazer para melhorar? O que realmente queremos para a nossa vida?
Tudo gira, e meus pés estão flutuando. Me sinto extasiado. O que está acontecendo comigo? Anestesiado é como me sinto dentro desse mundinho. Tudo roda muito rápido. E, na roda da vida, vou tomando voltas.
O que estou dizendo? Amônia: cheiro de vingança. Delírio, importante para não dizerem que tudo são flores. Tudo é o que é, o que era, o que será. O que me importa são as flores que choram embaixo dos escombros.
É importante falar das flores? Flores cheirando a amônia? Flores cheirando a corrupção?
O destino é o que importa. Destino de uma vida cheirando mal. O mal pelo qual não nos importamos por ser no cu dos outros. Outros que, no final das contas, somos nós. Nós não nos importamos com as rosas. São flores ou são rosas? O que importa saber? Saber sobre o quê? Sobre o que estamos falando?