É, em nossa vida, um mistério da resistência, em que o não existir seja o mais coerente. De incoerência em incoerência, resistimos para existir.
É no apogeu dessa existência finita que miramos, de maneira natural, para o infinito. E, sem saber ao certo, seguimos — limitados, mas seguimos.
Perseguimos o entendimento do infinito que, quando chega até nós, é finito. É finito quando o observamos, e infinito quando buscamos alcançá-lo.
É um mistério que procuramos desvendar. Buscamos o sentido de estarmos aqui, entre o possível e o impossível e a possibilidade de sermos quem não sabemos quem somos.
São dias como este que me fazem desejar estar com você — e é normal desejar algo assim. É assim que funcionamos: queremos o que nos gera aquela aparência de tranquilidade. E não há nada de errado nisso. O problema surge quando isso se torna um álibi interno para, diante de qualquer conflito, usarmos como desculpa para pular do barco — seja do emprego, de um relacionamento ou de uma amizade. Há muita gente por aí vivendo nesse modelo de vida.
Desejo e mais desejos — é assim que estamos vivendo: desejando tudo e todos. Desejando… e, quando desejar já não funciona, então exigimos, impomos, para que os nossos desejos mais vis se realizem. É preciso desejar com muita cautela. E já passou da hora de voltar-se para o próprio interior — não como mais um gesto egoísta, mas com a firme atitude de quem vai refletir sobre a própria vida. Sobre essa vida de desejos por desejos mesquinhos.
Em busca de quê você tem pautado a sua vida? Desejos? Que tipo de desejo tem cultivado em sua existência? Deseja uma vida de segurança e tranquilidade? Será mesmo possível viver nesse clima? No que você tem pensado hoje? Ah, bem que poderia existir uma fórmula mágica para suprirmos todos os nossos desejos… desejos egoístas, desejos insaciáveis. Desejo desejar você algum dia — porque essa é a vida de quem ainda não mergulhou em sua própria existência.
Inteiro é como devemos sempre estar. Isso não significa que sua vida estará às mil maravilhas; significa, essencialmente, que, estando bem ou mal, nossa atenção deve estar totalmente voltada ao que estamos fazendo. É na dedicação com que você faz algo que se revela o modo como você vive.
Temos duas formas de viver:
Primeiro, o viver inteiro — enraizado no existir, existindo. Tudo se torna chance de experimentar algo novo, mesmo tendo vivido uma vida inteira. É a oportunidade de se surpreender com o belo. Estar inteiro experimentando a vida é a nossa vocação. É onde nos é revelado o Mistério da Vida.
O segundo modo de viver — e é onde a maioria de nós se encontra atualmente — é uma vida no automático. Uma vida em que deixamos passar tudo o que é simples, belo, extraordinário. Em que tudo o que fazemos é para ganhar dinheiro, para comprar a felicidade, para comprar coisas que nos enganam. Vivemos em uma constante morte do espírito. Tornamo-nos zumbis de um poder econômico.
Qual vida você anda vivendo? Olhe para si, para sua saúde física, mental e emocional, e terá a sua resposta contundente. Ninguém aqui está dizendo que não temos o direito de ganhar dinheiro. O que estou dizendo é que você tem duas maneiras de se posicionar na vida para ganhar o seu dinheiro.
Em tempos como os nossos, viver inteiro não é prioridade — e, muitas vezes, nem é culpa nossa. Fomos conduzidos a esse estado de vida. Filhos bastardos do capitalismo: é o que somos.
O que podemos fazer, a partir de agora, é nos conscientizar. Pela nossa idade. Pela quantidade de remédios que estamos tomando. Não é normal. Não é que o seu corpo adoeceu — como pode acontecer. É você sendo empurrado a adoecer. E pior do que estar doente: é permanecer doente.
Ao tomar consciência desse simples fato, podemos dar o próximo passo. Agora é preciso que você aceite a mudança. Uma pequena mudança. Mas uma mudança radical.
Comece, a partir de agora, a viver buscando uma nova maneira de olhar a vida. Que a vida que você viva, a partir de agora, seja uma vida que te dê uma nova chance. Que te mostre que a vida tem muito mais a oferecer do que carros, dinheiro e viagens. Que a beleza desta vida está justamente na simplicidade de ser vivida.
Olhar as coisas com atenção permite que você abra uma janela e, assim, reconheça que pode ser surpreendido por um universo infinito — e completamente desconhecido por você.
Inteiro é como devemos nos posicionar na vida: acolhendo todas as maravilhas que ousarmos descobrir. Mas tenha cuidado: viver com essa mentalidade é para pessoas especiais. E eu não sei se você é tão especial assim. Em todo caso, só experimentando para descobrir quem você é de fato.
Não deixe a vida passar e se esvaziar por entre suas mãos. É só você quem tem a solução. O poder está em suas mãos. O que vai fazer com isso… é com você.
Não existe vida chata depois disso. E então, o que vai fazer? Tem mesmo coragem de subverter o sistema? O que deseja ser em sua vida? Inteiro ou raso? Fervura ou frio? O que deseja ser em sua vida — de verdade?
As escolhas certas podem mudar uma vida. “Inteiro” é uma escolha que só você pode avaliar se será boa ou ruim para si.
Nunca subestime o poder de um olhar. Uma nova maneira de viver a vida — viver de maneira inteira, como é a nossa vocação. Deixe a vida te surpreender. Dê essa chance para você.
O novo olhar é a atitude mais revolucionária que você pode ter hoje. É a mudança extraordinária de um paradigma. É uma nova mentalidade sendo revitalizada. É a possibilidade de uma nova sociedade. Tudo isso é possível quando fazemos uma pequena mudança em nossa maneira de viver. Não é mais como o sistema quer. É como eu escolho viver.