Não existe paz onde se cultiva o medo. Não existe paz onde só há rancor. Não existe paz diante da indiferença. Tudo se esvai de nossas mãos.
O que anda cultivando em sua alma? Diga em voz alta, para que você possa ouvir. Diga para que a tua consciência tome consciência. Diga para que penses sobre o que andas fazendo.
Dúvidas sobre o que acontece após a morte? Você toma consciência de como mal viveu. Você toma consciência de tanta mesquinharia. Você só quer ter mais uma chance.
Você quer mais uma chance, só que não existe mais chance. Você argumenta que não sabia. Querer saber demais: esse é exatamente o problema.
Mais do que saber, é fundamental viver. É preferível ser ignorante diante da morte, para que a vida tenha espaço. Se luta por justiça, é para que a vida tenha espaço.
Não existe morte onde a vida imperou, onde o amor amou, onde o foco foi viver. A morte nunca foi o fim.
Rasgo, em meu peito, essa flor, dor desse espinho cravado, pus da inflamação de um ódio cultivado no cotidiano.
Ódio sem precedente, que machuca o meu peito febril. É insuportável, e eu preciso agir, e a violência acaba sendo o meu refúgio.
Que a violência não é remédio, eu sei. Sei que essa dor é insustentável, que essa pressão me enlouquece, me distanciando da minha sanidade mental.
Não tenho ninguém por mim. Tudo leva a duvidar do meu caráter. Não olham para o meu peito sangrando, nem para esse corpo em estado febril.
Sucumbirei a qualquer momento nesse abraço apaixonado que transfere para o seu peito o meu espinho de dor. Teu beijo acolhedor desinflama a minha alma.