Sentimentos arrastados pela escuridão Em suas tramas me envolvo, em desejos me desfaço, no calabouço de uma vida maldita que dita as regras de minha agonia. O desespero bate à porta, das incongruências me alimento, despido de minha arrogância, dos medos que me subtraem toda a esperança. Imutável é o meu desejo, e por isso sinto calafrios que perpetuam a minha angústia, feia e terrível. É a divindade que sufoca no sufoco mortal de uma vida, de uma vida ferida, no peito que sangra todos os dias. Nos escuros da viela nos encontramos, copulamos… restando corpos nos telhados, que destelhados estavam nesse momento. Me escondo nas vielas, na morte que me persegue, nos corpos desossados, no desejo que me faz viver. Nos dias que maltratam a alma, que cegam a minha razão, nos dias que não passam, na esperança que não existe mais. Eficientes são as tuas maneiras de enxergar, de ver na sombra da vida uma solução, dominando a arte da sedução, da ilusão que mais te comove. Incinerar o amor de sua vida, que há anos já se encontra putrefato, e que seguir é preciso, mesmo diante de um espelho sem reflexo. Mudar sua mentalidade corrompida, carniceira de um ego podre, podre pelos delírios do passado, que passa à margem de sua história. Ufanismo de uma epopeia trágica, de um existir encarcerado por sua própria mente, uma mente que mente para si mesma, nada do que faça faz mais nenhum sentido. Carlos de Campos
Foto por Can Ceylan em Pexels.com